2-2-2

Depois de tantos anos – nem sei quantos –
De mútua ausência, mútuo esquecimento,
Aquela carta, súbita porquanto,
Continha letras de ressentimento?

A linguagem, altiva e presunçosa,
Talvez não fosse mais reveladora
Do que se recobria sob a prosa,
Como sob lençóis outrora fora.

Após a traição de tempos idos,
O que pensar de um póstumo convite
A proferir o nunca proferido,
A expor o que a verdade, só, permite?

A quem me ouviu talvez soasse frio
Ao dizer as palavras do elogio.

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