2-2-3

Depois de tantos anos – nem sei quantos –
De mútua ausência, mútuo esquecimento,
Aquela carta, súbita porquanto,
Continha letras de ressentimento?

A linguagem, altiva e presunçosa,
Talvez não fosse mais reveladora
Do que se recobria sob a prosa,
Como sob lençóis outrora fora.

Instava-me, num torto desafio,
A contar para todos os seus feitos,
Ou manter o que inda hoje silencio
E dar-lhe um elogio contrafeito.

Somente quem vivesse o que vivi
Entenderia as mágoas que senti.

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