William Butler Yeats, O Segundo Advento (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Virando e virando em crescente remoinho
O falcão não consegue ouvir o falcoeiro;
Tudo desaba; o centro não sustenta;
Mera anarquia se espalha pelo mundo,
A maré sanguínea se espalha, e em todo canto
A cerimônia da inocência é afogada;
Os melhores não têm convicção, enquanto os piores
Estão repletos de uma intensidade apaixonada.
Decerto alguma revelação se aproxima;
Decerto o Segundo Advento se aproxima;
O Segundo Advento! Mal isso é dito
E uma vasta imagem do Spiritus Mundi
Me atordoa a visão: um deserto arenoso;
Um corpo de leão com cabeça humana,
Olhar vazio e impiedoso como o sol,
Move suas lentas coxas, enquanto em volta
Volvem sombras de indignadas aves do deserto.
A treva descende de novo, mas agora eu sei
Que vinte séculos de sono pedregoso
Perdem-se em pesadelo pelo balanço de um berço,
E que fera bruta, sua hora chegada afinal,
Se arrasta para Belém a fim de nascer?
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