Para meu pai (C. Leonardo B. Antunes)
I
A cidade ruge, pai,
Na janela do meu quarto
E no coração distante.
No labirinto das casas,
Das estradas, dos andaimes,
Não resta nenhum silêncio:
Inversa canção noturna do viandante.
II
Não me ensinaste a ser triste,
Pai, mas mesmo assim me esforço
A tocar no violão
As músicas que tocaste
Três décadas no passado,
Nalgum ponto intermitente
Entre o que vivemos e meus próprios "recuerdos".
III
Quando chegas do trabalho,
Não te espero, não te vejo,
Não brincamos mais na sala,
Não cantamos mais, não rimos
Nem consigo te escrever,
Quando é teu aniversário,
Pai, nenhum verso sem me desfazer em pranto.
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