Os frutos do inverno (C. Leonardo B. Antunes)
Teus lábios, ressequidos pelo vento,
Perdendo escamas de rubor desfeito,
Envolvem-me com cálidos eflúvios,
Num misto da umidade de Afrodite
À reuma involuntária que perflui
Do peito à boca e escorre-te às narinas,
Ungindo-me em ternura secretiva.
Talvez dez anos no passado (ou menos)
Eu não soubesse apreciar-te assim,
Humanamente frágil, doce e bela,
Mas hoje eu te preparo com carinho
Alguma sopa, algum chazinho, e sinto
Que é bom, menina, ter-te aqui por perto.
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