E. E. Cummings, nalgum lugar aonde eu nunca fui,bem além (trad.: C. Leonardo B. Antunes)


nalgum lugar aonde eu nunca fui,bem além
de qualquer experiência,teus olhos têm seu silêncio:
no teu mais frágil gesto há coisas que me enfecham
ou que não posso tocar porque estão muito perto

o menor dos teus olhares facilmente me desfecha,
inda que eu tenha me fechado como dedos
tu abres sempre pétala por pétala a mim como a Primavera abre
(tocando habilmente,misteriosamente)sua primeira rosa

ou se o teu desejo for fechar-me, eu e 
minha alma fecharemos bem belamente ,de repente, 
como quando o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente em toda a parte descendendo;

nada do que iremos apreender neste mundo se compara
ao poder da tua intensa fragilidade:cuja textura 
me compele com a cor dos seus países,
manifestando a morte e a eternidade em cada alento

(eu não sei o que é isso a teu respeito que fecha
e abre;somente alguma coisa em mim compreende
a voz dos teus olhos é mais profunda do que todas as rosas)
ninguém,nem mesmo a chuva,tem mãos tão diminutas

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