À musa mórbida (C. Leonardo B. Antunes)
Aprazem-te os defuntos e as carniças,
As fábulas de horror e insanidade,
O medo e tudo aquilo quanto agrade
Ao verbo de uma derradeira missa.
Se falo em cemitérios, a cobiça
Instala-se em teu peito ou na verdade
Sou eu que a sinto na proximidade
De alguma soturnez que a mim me atiça?
À musa mórbida compete um hórrido
Poeta (se não tento convencer-me
Que esta tristeza minha tem sentido,
Buscando na frieza um traço tórrido,
Nas mágoas, que me roem feito vermes,
A certeza onde apenas me duvido).
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