Eu já não sou mais habitante de mim mesmo (C. Leonardo B. Antunes)


            Eu já não sou mais habitante de mim mesmo,
               Pois vivo pelas sombras dos teus sonhos.

            Caminho por florestas, montes e riachos
               Por onde antigos deuses caminharam

            Num tempo precedente à fundação do tempo,
               Fechado junto ao cerne dos mistérios

            Que te compõem os teus anseios mais secretos,
               Inescrutáveis por teus próprios olhos,

            Porém abertos a quem segue em teu encalço,
               Trilhando-te as pegadas dos desejos,

            Perdendo-se de todo e se encontrando novo
               Na imagem de si mesmo vista em ti,

            E amando-te do centro do teu ser perfeito
               Até lá donde os outros te compreendem.

            Eu já não sou mais habitante de mim mesmo,
               Pois vivo pelas sombras dos teus sonhos.

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