Promessa do amor cotidiano (C. Leonardo B. Antunes)


            Prometo, amor, as juras dos amantes
            Antigos, com a mesma força pura
            Com que as juraram outros por ventura
            Na língua de Camões ou de Cervantes.

            Mas sobretudo eu te prometo, antes,
            Que no desenrolar desta aventura
            Por vezes vou tirar-te a compostura,
            Malgrado as intenções mais cativantes.

            Talvez sonâmbulo eu te empurre leito
            Afora, ou mesmo sobre o criado-mudo,
            Ou durma te esmagando um pouco o peito.

            Porém, de vez em quando, com estudo,
            Vou te acordar trazendo um chá perfeito
            E te dizer que te amo mais que tudo.

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