Presente ausência (C. Leonardo B. Antunes)
Se um dia, meu amigo, porventura,
Tu me encontrares por aí chorando,
Não tenhas pena alguma da tortura
Que sofro, pois eu sofro sob o mando
Do amor, o mais bendito dos tiranos,
Cujo domínio excede o comprimento
Do meu ser, para além do que é humano
Sentir nos mais sagrados sentimentos.
Sem nexo e sem limite ele demanda
Que o rosto amado surja em cada rosto,
Em cada planta e em cada simples gosto
De vinho, leite, mel ou de lavanda,
Até não ter mais nada no presente
Além do ser amado, mesmo ausente.
Comentários
Postar um comentário