William Shakespeare, Soneto 17 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)


            Quem vai acreditar mais tarde nos meus versos
            Se acaso os preencher com teus sublimes dons?
            Por mais que os céus percebam como são dispersos
            Os traços com que tento recriar teus tons.
            Se descrevesse a formosura em teu olhar
            E recontasse a conta de teus dotes todos,
            "Mentiras" no futuro iriam as chamar,
            "Deidade semelhante é viva só no engodo".
            Assim seria o meu poema envelhecido
            Tratado como tratam velhos já senis,
            E julgariam tudo que te é merecido
            Um exagero próprio a metros infantis.
               Mas, caso viva um filho teu no tempo acima,
               Terás a vida dupla: nele e nestas rimas.

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