Ode a Afrodite (C. Leonardo B. Antunes)


            De novo eu vejo a teofania de Afrodite –
            Que sempre faz temente qualquer um que a fite –
            Deidade que nasceu da espuma alvinitente,
            Da negação de tudo em que ela está presente
            (Antítese ontológica que só se explana
            Ao ver como da morte sempre a vida emana),
            Semente derradeira de um antigo lenho,
            Que de incansável teve o fim no próprio engenho,
            Mudando-se num símbolo do seu lavor:
            Na deusa que concede e que retém o amor.
            Agora, reencenando a víscida nascença,
            Irrompes, dama, dando a ver a tua presença,
            Aos moldes de um ator no ponto iniciativo,
            Das púrpuras cortinas de um teatro vivo.

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