Domingo no Parque da Farroupilha (C. Leonardo B. Antunes)


            Na feira de domingo há cor e som e cheiro.
            Casais, cachorros e mercantes argentinos
            Almejam ser ouvidos mesmo enquanto os sinos
            De um templo antigo e triste dobram altaneiros.

            Crianças pobres, junto a um velho violeiro,
            Entoam cantos de seus ancestrais andinos
            Com olhos melancólicos e clandestinos,
            Perdidos entre o vai-e-vem dos domingueiros.

            Sentado sobre um banco à sombra na calçada,
            Eu tento reverter a vida em poesia
            Com versos jâmbicos e rimas alternadas.

            Alegro-me com vê-lo feito em primazia
            E vou-me embora assim sem ter comprado nada
            Nem feito nenhum gesto de filantropia.

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