Diálogo Estelar (C. Leonardo B. Antunes)
Ontem, em meio à noite escura,
Sem dar nenhum sinal de aviso,
Apareceu-me no horizonte
A mais brilhante estrela.
Penso que foi decerto um nume,
Talvez a tecelã de enganos,
Que sói brilhar daquela forma
Em cores variadas.
Quase descrente eu pus-me a olhá-la
Com olhos tão acostumados
A nunca ver o extraordinário,
O novo ou o imprevisto.
Para aumentar o meu espanto,
Que já beirava o imensurável,
Dos píncaros do firmamento
A estrela interpelou-me
E, interpelando-me, me disse
A essência de sua atividade
Prescrita dentro do seu nome:
A guardiã dos homens.
Ela, com fala acolhedora,
Abriu-me o espírito cansado
À enormidade de sentido
Em cada grão de areia.
Nós conversamos noite adentro
Até que foi chegado o tempo
Da estrela esvanecer perante
A rósea luz da Aurora.
Mesmo que nunca eu a contemple
De novo em meio à noite longa
Consolo-me em saber que o mundo
A tem por protetora.
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