A febre (C. Leonardo B. Antunes)


            A febre, que desbota todos os sentidos,
            Depura a essência desvelada do universo
            Segundo os índices simbólicos e avessos
            De alguém privado do controle sobre si.

            Tal foi o caso de Héracles ensandecido,
            Erguendo a mão a fim de assassinar seus filhos,
            Que em lágrimas se agarram junto às vestes pátrias,
            Sem mesmo compreender por que eles pereciam.

            Em vão rogavam, repetindo a antiga jura
            Dos reinos que herdariam de seu forte pai
            No tão sonhado dia em que amadurecessem.

            Mas como poderia o nosso herói ouvir
            Senão a música divina do poder
            Estando tão tomado no fervor da febre?

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