Alceu Fr. 208 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Eu não entendo o modo dos ventos soprarem.
Aqui as ondas quebram pro lado direito,
Ali pro esquerdo e nós, em meio a tudo,
Somos levados com nossa nau escura,
Sofrendo muito em meio a uma enorme borrasca.
O casco do navio está cheio até o deque.
A vela filtra a luz por todo lado,
Visto que há rasgos enormes pelo pano.
As âncoras já foram lançadas ao mar.
O leme [se partiu com a força das águas
Marinhas, que golpeiam nossos flancos.]
Tenho meus pés enlaçados nos cordames --
É tudo o que me salva da morte iminente
Agora. [A carga rica de nossos porões
A semeamos sobre o mar salino
Contra a vontade de nossos corações.
Aguda angústia assalta-me e alaga o meu peito,
Pois, mesmo que eu me salve do abismo marinho
Agora, eu sei que quando me acordarem
Sobre as areias eu não terei mais nada.]
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