Teognídeas vv. 731-52 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)


Zeus pai, que seja querido pros deuses se deliciarem 
   Os pecadores com sua híbris, nutrindo no peito
Uma afeição por ações das mais vis, pra depois, quando agirem
   Sem ter qualquer atenção no que concerne os divinos,
Cada um pagar por si só os seus males, sem nunca deixar
   O ônus de suas ações pros descendentes mais tarde.
Possam os filhos de um pai sem justiça – mas que agem de modo
   Justo, tementes do teu ódio, Cronida, e do início
Nos seus acordos com seus cidadãos sempre amando a justiça –
   Não precisarem pagar as transgressões de seu pai.
Que isso se torne querido pros deuses ditosos. Por ora,
   Foge o culpado e, depois, outro é quem paga o seu mal.
 Rei dos eternos, como é que isso pode ser justo se um homem
   Nunca comete sequer uma injustiça qualquer,
Nem vai além do devido, nem quebra as promessas que fez,
   Mas sempre é justo e, porém, sofre assim mesmo a injustiça?
Que outro mortal, quando o visse, iria se maravilhar
   Com os que são imortais? Qual o estado de espírito
Que ele teria a cada uma das vezes que um homem injusto,
   Sem evitar o furor dos imortais e dos homens,
Age sem freios, fartando-se em sua riqueza, ao passo
   Que os homens justos só têm dificuldade e miséria?

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