Teognídeas vv. 373-400 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Zeus estimado, estou pasmo contigo. Tu reinas em tudo.
Tu tão somente és quem tem honra e um enorme poder.
Sabes bem que coração e que mente tem cada um dos homens.
Rei, teu governo, por fim, é o mais alto de todos.
Como, Cronida, é que então tua mente suporta aceitar
Com mesma moira quem é justo e quem é pecador,
Não importando se a mente dos homens se volta à prudência
Ou para o ultraje em cessão a atividades injustas?
Regras não foram criadas pros homens mortais pelos deuses,
Nem um caminho no qual dêem deleite aos eternos?
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Mas, mesmo assim, são felizes, incólumes. Já os que se esforçam
Para evitar feitos vis findam em ter a pobreza,
Mãe da carência de meios – malgrado um amor à justiça –,
Que os corações dos mortais tira do rumo, pro erro,
Prejudicando o seu tino por força da necessidade.
Contra a vontade é que alguém vai resistir muito opróbrio,
Dando-se à necessidade, que ensina diversas vilezas –
Como a mentira e também o ódio funesto e o engano –,
Mesmo que contra a vontade. Não há nenhum mal comparável,
Pois ela é quem, enfim, gera a carência de meios.
Tanto um homem melhor quanto um vil, quando a necessidade
Vem na pobreza, eles são postos a exame na luz.
Enquanto a mente de um tem justiça nos seus pensamentos
E no seu peito sempre há discernimento escorreito,
Do outro a sua mente não casa com tempos ruins nem com bons.
É necessário aguentar ambos ao homem que é nobre,
Dando respeito aos amigos, fugindo de falsas promessas
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
E evitando o rancor dos imortais com cuidado.
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