Teognídeas vv. 237-54 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)


Eu te dei asas. Com elas, pairando com facilidade,
   Tu voarás sobre o mar interminável e a terra
Toda. Tu sempre estarás em banquetes e festas – em todos –,
   Onde te acomodarás por sobre as bocas de muitos.
Lá, jovenzinhos amáveis com flautas pequenas e vozes
   Claras irão entoar belas canções sobre ti.
Quando tu fores, no fundo da terra sombria, pra casa
   De Hades, na qual o sofrer é abundante, jamais
Tu perderás tua glória, nem mesmo na morte. Teu nome
   Se manterá imortal no pensamento dos homens,
Cirno, conforme tu vagas ao longo da Grécia e das ilhas,
   Atravessando também o mar infértil e piscoso –
Não se sentando no dorso de equinos, mas sendo levado
   Pelos esplêndidos dons vindos das Musas de láureas
Roxas. Pra todos que deles se ocupam – também no futuro –
   Tu estarás nas canções, enquanto houver terra e sol.
Mas, mesmo assim, não recebo um respeito qualquer de tua parte:
  Como se fosse talvez uma criança me enganas.

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