Tirteu Fr. 10 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)



Há de ser bela a sua morte se um homem valente é tombado
   Junto à vanguarda, a lutar pela defesa da pátria,
Mas não há nada pior que partir da cidade e dos campos
   Férteis, a fim de vagar feito um mendigo sem rumo,
Com sua mãe tão querida, seu pai já de idade avançada,
   Com seus filhinhos também, e sua legítima esposa.
Por ter cedido à pobreza execrável e à necessidade,
   Para onde quer que ele vá, ele será odiado.
Traz a desgraça ao seu clã e detrata a sua esplêndida forma.
   Toda maneira de mal e de infâmia o acompanham.
Não há cuidado ou respeito prum homem que assim vai vagando
   Sem ter um rumo qualquer, nem pro seu clã depois dele.
Vamos portanto com ânimo à luta em defesa da pátria!
   Jovens, sem nunca poupar as nossas vidas, morramos
Por nossos filhos, lutando um do lado do outro aferrado,
   Nunca vos pondo a fugir, nem dando início ao temor,
Mas, sim, um ânimo forte e valente engendrai-vos no peito,
   Sem ter amor ao viver, dando combate a outros homens.
Quem for mais velho que vós, quem não tem os joelhos mais ágeis,
   Esses que são anciões, nunca os abandonais,
Pois é horrível que um velho sucumba em meio à vanguarda
   E, atrás de si ao jazer, haja rapazes mais novos.
Com seus cabelos já brancos e a barba no queixo grisalha,
   Junto à poeira a expirar o seu espírito forte,
Ele segura em suas mãos as vergonhas cobertas de sangue –
   Algo terrível de ver, causa repulsa nos olhos –,
Tendo seu corpo despido. Pros jovens, não, tudo é adequado
   Desde que brilhe inda a flor da juventude amorável.
Homens ao vê-lo admiram-no, por ele apaixonam-se as moças
   Enquanto vive; ao morrer, junto à vanguarda, ele é belo.
Vamos! Que cada um mantenha os seus pés separados e firmes
   Sobre o terreno, a morder, com os seus dentes, o lábio.

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