Crítias Fr. 6 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)


Este também é um costume que foi instaurado em Esparta:
   Sempre beber numa só taça de vinho, a sua própria,
Sem fazer brindes identificando por nome a quem são,
   Nem dar a taça pra quem se situar à direita.
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   Uma mão lídia inventou os vasilhames de vinho
E esse costume de dar o seu brinde à direita, chamando
   Pelo seu nome a quem for que se deseja brindar.
Por resultado de tal bebedeira as suas línguas se soltam
   Para palavras ruins, logo seus corpos estão
Fracos e sobre os seus olhos se assenta uma névoa sombria.
   O esquecimento desfaz toda a memória da mente
E o raciocínio desliza. Os escravos adotam uma índole
   Sem disciplina e seu lar rui sob o peso dos gastos.
Já os rapazes da Lacedemônia só bebem o quanto
   For necessário pra ter divertimento em suas mentes,
Sempre mantendo a prudência na língua e a medida no riso.
   É útil ao corpo e também para sua mente e a suas posses
Sempre que alguém bebe assim. Harmoniza-se com os trabalhos
   De Afrodite e o dormir, porto seguro de dores,
Com a Saúde, dos deuses a mais prazerosa aos mortais,
   E também à Discrição, que mora junto à Piedade.
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Trazem prazer imediato esses brindes que vão para além
   Do que é devido e, depois, dor pelo resto do tempo.
Mas a maneira espartana de vida se ordena com prumo:
   Sempre comer e beber para depois ser capaz
De trabalhar e pensar. Não reservam um dia qualquer
   Para então embriagar com desmedida os seus corpos.

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