Anacreônticas 58 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
A cada vez que ele foge
De mim com asas velozes
De vento, o evasivo Ouro
(E sempre, sempre ele foge),
Eu não o persigo, pois
Quem quer caçar o que odeia?
Tão logo estou separado
Dele, do evasivo Ouro,
As minhas preocupações
Eu dou pros ventos levarem!
Tomando a lira então canto
Canções acerca do amor!
Porém tão logo me ensina
O coração a enjeitá-lo,
Do nada o evasivo fala
Comigo e torna a me dar
Ideias ébrias de tê-lo
E abandonar minha lira.
Pérfido, pérfido Ouro!
Tu me enfeitiças em vão!
As cordas, mais do que o ouro,
Encerram doces desejos!
Tu dás aos homens o amor
À inveja e à falcatrua
Enquanto a lira mistura
Inócuas taças de anelos
Por beijinhos na varanda!
Quando desejas, tu foges,
Mas eu jamais deixaria
A canção da minha lira!
Tu dás prazer a estrangeiros
Larápios em vez das Musas!
Mas a mim, lirista, a Musa
Mora no meu coração.
Então, podes lamentar
E polir esse teu brilho!
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