Anacreônticas 57 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Que artesão forjou o oceano?
Qual a técnica desvairada
Que verteu as ondas num prato?
Quem talhou nas costas do mar,
Com a mente erguida pros deuses,
A brancura amena de Cípris,
Dando início desta maneira
Para a raça dos imortais?
Ele a revelou toda nua,
Com as vagas lhe recobrindo
Só o que não se deve mostrar.
Sobre as ondas ela vagou
Como as algas, movimentando
O seu corpo e a pele macia
Entalhando sulcos no mar
Ao fazer a sua viagem.
Sobre os seios róseos e abaixo
Do seu delicado pescoço,
Uma ondona corta a sua pele.
Cípris, lá no centro da fenda,
Como um lírio em meio às violetas,
Resplandece à calma do mar.
Para além da prata, o Amor
Ladino e o Desejo risonho
Vão montados sobre golfinhos
Dançarinos, junto de peixes
De arqueados dorsos, num coro,
Que mergulham dentro das ondas
E gracejam perto da Páfia,
Que entrementes nada risonha.
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