Semônides Fr. 1 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)


            O fim de tudo, filho, Zeus plenitroante
            Engendra e estabelece como bem lhe entende.
            Não há inteligência entre nós. Efêmeros,
            Vivemos como bois, jamais sabendo a forma
            Com que há de pôr fim a cada coisa o deus.
            Mas esperança e confiança nutrem todos
            Em nosso anelo ao incurável. Um aguarda
            Que chegue o dia; outro, a troca de estação.
            Não há dentre os mortais quem deixe de se ver
            Amigo de riqueza e nobres no futuro.
            Mas toma-o a velhice incobiçável antes
            Que alcance sua meta, enquanto males sestros
            Destroem outros homens, e os vencidos de Ares
            Pra além da terra negra envia Hades.
            Caçados, outros inda são por tempestades
            E pelas muitas ondas do purpúreo mar –
            E ao mar perecem sempre que o sustento falta.
            Ao nó da forca, outros vão-se em morte infanda,
            Deixando, por vontade própria, a luz do Sol.
            Por isso, nunca faltam males, mas, sim, Queres
            Diversas e aflições e estragos imprevistos
            Existem pros mortais. Se o meu conselho ouvissem,
            Nós não desejaríamos o mal, nem dores
            Terríveis nossos ânimos maltratariam.

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