Anacreônticas 15 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Ó adorável pombinha,
De onde, de onde vens voando?
De onde vem este perfume
Que tu deixas pelo ar
Como um vento junto à chuva?
Quem és tu e o que tu queres?
"Enviou-me Anacreonte
Para Bátilo menino,
Ele que ora é o senhor
Cujo reino alcança tudo.
A Citéria me vendera
Em retorno a uma canção.
É pra Anacreonte agora
Que eu performo essas tarefas.
Veja só como eu carrego
Muitas cartas em seu nome!
Ele diz que logo, logo
Me dará a liberdade.
Mas, se não me libertar,
Sou sua escrava para sempre.
Para que eu irei voar
Sobre montes e campinas
E sentar-me nalgum galho
'Pós caçar comida agreste?
No momento eu como pão
Que das mãos de Anacreonte
Eu agarro pra mim mesma.
Pra beber ele me dá
Vinho que ele próprio bebe.
'Pós beber então eu danço,
Ele toca a sua lira,
Minha asa faz-lhe sombra.
Quando alfim se vai pro leito,
Eu repouso em sua lira.
Pronto. Agora sabes tudo.
Vai-te embora! Já fizeste
Que eu falasse como gralha."
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