Anacreônticas 17 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Desenhai meu companheiro
Bátilo conforme digo:
Ponde brilho em seu cabelo:
Negro embaixo, mas nas pontas
Clareado pelo sol.
Dai-lhe mechas cacheadas,
Livres, e deixai que fiquem
Em desordem como querem.
O seu cenho sob orvalho,
Laureai com sobrancelhas
Mais escuras que serpentes.
Que seus olhos negros sejam
Tão ferozes quanto calmos –
Com a fúria de Ares junto à
Calma de Citéria bela –,
Pra que causem tanto o medo
Quanto nutram a esperança.
Rosas, como uma maçã,
Engendrai as suas bochechas.
Se possível, dai-lhes cor
Semelhante à da Modéstia.
Não sei como, mas os lábios
Vós deveis fazer macios,
Cheios de persuasão.
Mas deixai que a cera diga
Tudo com o seu silêncio.
Que haja então depois do rosto
Um pescoço de marfim
Superior ao de Adônis.
Engendrai depois seu peito
E suas mãos como as de Hermes;
Coxas, como Polideuces;
O abdômen, de Dioniso;
Sobre as suas tenras coxas,
Abrasadas pelo fogo,
Ponde uma vergonha simples,
Mas que já deseje a Páfia.
Vossa arte é uma invejosa,
Pois não mostra as costas dele.
Haveria algo melhor?
Descrever os pés pra quê?
Quanto ao preço, não me importo.
Mas levai convosco Apolo,
Dele vós fareis meu Bátilo.
Mas se fordes para Samos,
Febo vós fareis de Bátilo.
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