Anacreônticas 16 (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Vinde, mestre dos pintores!
Pintai, mestre dos pintores!
Comandante da arte ródia,
Da maneira que vos digo,
Desenhai a moça ausente:
Desenhai primeiro os cachos –
Delicados cachos negros –
E, se a cera o permitir,
Desenhai o seu perfume.
Desenhai as suas bochechas
Sob um cenho de marfim
E madeixas negro-roxas.
Não corteis as sobrancelhas,
Mas também não as unais:
Que elas sejam como são,
Bordas negras de seus olhos
Encontrando-se de leve.
Os seus olhos, veramente,
Vós deveis fazer de fogo;
Glaucos, como os de Atena;
Úmidos, tal qual Citéria.
Desenhai nariz, bochechas,
Misturando o rosa ao creme.
Lábios: como os de Peitó,
Sempre provocando beijos.
Sob o queixo delicado,
Junto ao seu pescoço níveo,
Permiti que as Graças voem.
Sobre o resto ponde peplos
Com um leve tom purpúreo,
Mas mostrai a pele um pouco,
Como prova de seu corpo.
É o bastante! Posso vê-la!
Mais um pouco e a cera fala!
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