John Keats, Hino a Apolo (trad.: C. Leonardo B. Antunes)
Deus do áureo arco, auriarqueiro,
Com áureos cachos e áurea lira,
Senhor das Musas no áureo outeiro,
Das áureas chamas na áurea pira,
Cavaleiro
Do ano inteiro,
Onde dormia a tua ira
Quando tolo abusei da minha sorte
Vestindo-me na glória
Da láurea de tua história
Ou mereci o descaso até da morte?
Ó Délfico Apolo!
Troava o troante, troava,
Fremia o troante, fremia,
O dorso da águia se encrespava,
Calado em fúria – e mal se via
O trovão
Vindo ao chão,
Retido pela melodia.
Por que poupaste semelhante verme,
Tocando um alaúde
Até a quietude?
Por que não me esmagaste, um reles germe?
Ó Délfico Apolo!
As plêiades, vígeis no polo,
Ouviam a muda monção.
Sementes, raízes no solo
Cresciam no ardor de verão.
O oceano em
Velho plano
Labutava quando quem não
Ousou cingir, herege, em torno à fronte
Teu louro, insanamente,
Achando-se imponente,
E agora vem curvar-se a ti defronte?
Ó Délfico Apolo!
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